BLIND ZERO - artigo da Lusa

Os Blind Zero abrem-se à felicidade em "Luna Park"

(artigo publicado por LUSA)

O álbum "Luna Park" marca um novo capítulo na carreira dos Blind Zero, depois de cinco anos de ausência, um capítulo com um ideário menos sombrio e mais feliz.

Miguel Guedes, o rosto mais visível da banda portuense, abriu as portas de "Luna Park" à Lusa: "O "Luna Park" é um acesso condicionado a um parque de diversões, a um mundo onírico, com momentos de ansiedade e momentos de imensa alegria, com diferenças de pressão e altura, desde a roda gigante lá em cima e até ao poço da morte lá em baixo."

Um disco de contrastes que representa, assumidamente, um antes e um depois no percurso de 16 anos da banda portuense, que por ter o privilégio de continuar na música ao fim de tanto tempo sente a necessidade de se reinventar sistematicamente.

"O ideário dos Blind Zero sempre foi muito negro. Queríamos fazer um disco com essa aparente carga de felicidade, em que estivéssemos a dizer coisas tristes a sorrir", explicou o vocalista, reconhecendo que no novo álbum, lançado a 30 de Maio, houve uma simplificação que passou pelo apreço, pela melodia e pela parte rítmica.

Para Miguel Guedes, este é um disco de canções, mais corajoso e divertido, por permitir que as músicas sejam "desnudadas" de tudo o que é supérfluo e por resultar de um longo processo de maturação.

"Sempre tivemos alguns hiatos entre discos, dois, três anos, mas este disco foi um bocado doloroso, porque queríamos fazê-lo e não havia nada de especialmente interessante entre nós a acontecer no estúdio", confessou o líder dos Blind Zero, que classificou de "anedótico" o processo que levou ao adiamento do lançamento de "Luna Park" até agora.

Em 2009, a banda tinha a certeza que ia editar um disco, mas tal não aconteceu: "Tínhamos um punhado de canções feitas, tínhamos outras alinhavadas e para nós tornou-se claro que "isto está a acontecer" e anunciámos o disco para 2009. Sai o "Slow Time Love" como antecipação do disco e o disco não sai, porque nos arrependemos".

"Se soubesse o que sei hoje não tinha comunicado que o disco ia sair", admitiu o músico portuense, que, no entanto, não está arrependido da decisão da banda de não avançar com a edição, porque o álbum era precipitado, fruto de uma urgência pessoal do grupo.

O facto de não terem uma produtora a suportá-los pela primeira vez na sua carreira -- criaram a sua própria editora, gravaram na sala de ensaios, asseguraram interinamente a mistura e produção do disco -- permitiu-lhes, segundo Miguel Guedes, "espraiarem-se" no tempo.

Nada que tenha afastado os Blind Zero do público, antes pelo contrário: o processo de reaproximação foi assegurado pelo single de avanço, "Slow Time Love".

"O "Slow Time Love" um êxito estrondoso de inter-play", confirmou o vocalista do grupo, pois apesar de ter sido adoptado pelas pessoas de forma massiva, não deixou de ser uma música alternativa até ao lançamento de "Luna Park", porque "não estava em lado nenhum, não era comercializada, não havia disco, não havia letra".

Se a fase "solar" dos Blind Zero, que apresentam hoje o novo álbum na MusicBox, em Lisboa, vai continuar, Miguel Guedes não sabe: "Acho que se calhar quando estou muito feliz não perco tempo a escrever. Eu bem começo pelo sol, mas depois aparecem as nuvens...".

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